Escatologia Bíblica
Grupo Verdade do Evangeho
Simbologia Apocalíptica Preterista. Loucura ou boa hermenêutica?
Interpretando o Apocalipse_ A Marca da Besta
João deu um número pelo qual a besta poderia ser identificada: 666.
Esse número levantou uma enorme controvérsia na Igreja moderna e tem sido usado por pregadores, escritores e cineastas para insuflar medo no coração de milhões. Nós, porém, deveríamos tentar entendê-lo como ele teria sido entendido pelo povo que leu pela primeira vez os escritos de João. É fato conhecido que o nome de Nero equivale a 666. Isso é verdadeiro, porque as letras do alfabeto hebraico possuem valores numéricos. É semelhante à maneira como certas letras do alfabeto romano são usadas como numerais: “I” significa 1; “V” significa 5; “X” significa 10; “L” significa 50; “C” significa 100 e “D” significa 500. Portanto, se vemos os seguintes algarismos romanos, DCLXVI, saberemos que eles equivalem numericamente a 666. Isso não é algo difícil de entender para ninguém que conheça os numerais romanos. Nem foi difícil para qualquer erudito judeu ler o número do nome de Nero. A ortografia hebraica de Nero César era NrwnQsr (que se pronuncia NeronKesar). O equivalente em hebraico para esse nome é 666.
Por que João usou o número 666 e não apenas o nome de Nero? João estava escrevendo a cristãos que estavam sob uma tremenda perseguição. Suas famílias e seus amigos estavam sendo torturados e mortos em todo o império. Se algum cristão fosse apanhado com algum escrito no qual Nero fosse colocado sob uma perspectiva negativa, esse cristão poderia esperar ser imediatamente levado para a prisão ou para os coliseus. Mas os primeiros cristãos eram principalmente judeus convertidos, portanto eles podiam entender o significado do número 666. Para eles, não haveria dúvidas de que Nero era aquele a quem João estava se referindo. Ele era aquele que estava matando seus líderes, seus amigos e os membros de suas famílias. Vale a pena dedicar um instante para falar acerca da discussão interminável nos círculos futuristas sobre uma pessoa no futuro representada por esse número.
As histórias mais cativantes estão centralizadas em torno dos ensinamentos futuristas de que algum dia haverá um anticristo que literalmente dominará os sistemas econômicos do mundo e depois controlará todos os gastos da humanidade. Esse controle será possível porque o anticristo exigirá que todas as pessoas recebam um chip computadorizado na testa ou na mão direita. Na verdade, a palavra “anticristo” nunca é mencionada, nem sequer uma vez em todo o livro de Apocalipse. O único lugar onde a palavra “anticristo” é usada é nas epístolas 1 e 2 de João. Não existe fundamento bíblico para igualar a besta do Apocalipse com o anticristo mencionado nas cartas de João (falaremos sobre o anticristo no capítulo 6).
Em seguida, vale a pena observar como os ensinamentos futuristas realmente estão em desequilíbrio no que se refere à marca da besta. Considere como uma pessoa hoje pode entrar na maioria das livrarias cristãs e encontrar diversos livros que falam sobre a marca da besta, cada livro dando a interpretação do autor sobre uma figura futura do anticristo. Ao mesmo tempo, podemos encontrar poucos autorescristãos que escreveram sobre a marca de Deus. Você sabia Entendendo o Livro de Apocalipse que a marca de Deus, o selo de Deus e o nome de Deus, que estão escritos na fronte do Seu povo, são mencionados no livro de Apocalipse exatamente o mesmo número de vezes que a marca da besta? Ambos são mencionados sete vezes. Esse dado deveria nos dizer algo. O fato de os futuristas estarem sempre falando sobre a marca da besta e nunca sequer mencionarem a marca de Deus deveria nos dizer que seus ensinamentos estão em desequilíbrio. Como cristãos, não deveríamos estar mais interessados na marca de Deus — que está viva hoje e ativa em nossa vida — do que na marca de uma besta que nem sequer sabemos se existe? Além do mais, precisamos entender a marca da besta a partir de uma compreensão semelhante à que temos da marca de Deus. Queremos dizer com isso que se a marca da besta deve ser entendidaliteralmente, então devemos entender a marca de Deus literalmente.
Por outro lado, se interpretarmos a marca da besta espiritualmente, então devemos interpretar a marca de Deus espiritualmente. Fazer isso é simplesmente agir com honestidade e integridade na nossa maneira de interpretar as Escrituras. Ambas as marcas são mencionadas no livro de Apocalipse e inclusive aparecem juntas no mesmo capítulo (ver capítulo 14). Então, por que os futuristas colocam medo nas pessoas falando de um chip computadorizado sendo colocado na testa ou na mão direita das pessoas? Eles também acreditam que a marca de Deus será um chip computadorizado? É claro que não. Isso revela a tolice de todo esse temor com relação a um chip. Mais uma vez, dizemos que se um é literal, então o outro é literal também. Se um é espiritual, então o outro também é. Precisamos ser coerentes na nossa maneira de interpretar os textos bíblicos.
Os preteristas parciais acreditam que ambas as marcas precisam ser entendidas em um sentido espiritual. As pessoas que se dedicam às obras de Satanás terão a marca do mal em seus pensamentos e nas obras de suas mãos. Os que se entregam a Deus terão a marca de Deus em sua mente e nas obras de suas mãos. O selo de Deus sobre o Seu povo é o Seu Espírito. Do mesmo modo, aqueles que entregam a vida e o coração a Satanás serão marcados pelo espírito do maligno. Entretanto, agora temos de levar toda essa discussão de volta para o contexto no qual o livro de Apocalipse foi escrito. O apóstolo João estava escrevendo a cristãos reais que estavam suportando uma perseguição real. Essa perseguição estava sendo executada sob o poderio de um homem cujo nome equivalia a 666. Para os cristãos do primeiro século, o significado do número era óbvio.